Formação inicial de licenciandos: a urgência de uma Educação Ambiental Crítica e Emancipatória

Palavras-chave: Educação Ambiental, Racismo Ambiental, Formação de Professores

Resumo

A sociedade dotada de desafios ambientais, sociais e econômicos exige que o professor esteja preparado para trabalhar diferentes temáticas de modo que possa despertar um posicionamento crítico acerca dessas questões, para tanto, o professor necessita ter uma formação que almeje a transformação social. Esse trabalho visa refletir sobre a educação ambiental na perspectiva do racismo ambiental e da promoção da justiça ambiental, buscando identificar a presença dessa temática no Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental (EPEA) entre os anos de 2017 e 2023. A pesquisa qualitativa e documental utilizou a análise de conteúdo de Bardin (1997) para a coleta e análise dos dados. A temática do racismo ambiental associada aos trabalhos de educação ambiental publicados no EPEA, no intervalo de tempo pesquisado, é pouco expressiva, evidenciando a necessidade da inserção dessa perspectiva de modo mais aprofundado e frequente nos cursos de formação de professores. A literatura mostra a dificuldade das Universidades em trabalhar com a educação ambiental interdisciplinar e crítica, tendo como um dos fatores principais, a deficiência dessa abordagem nos currículos das licenciaturas, fator este que contribui para a não implementação deste ensino na educação básica. É preciso formar professores capazes de ultrapassar o ensino de conhecimentos específicos das suas áreas, sobretudo no que se refere à educação ambiental, buscando promover um ensino que verse sobre as questões socioambientais. A educação ambiental crítica é capaz de promover transformação social e para que ela aconteça, o debate sobre o racismo ambiental e a busca por justiça ambiental, é imprescindível.

Biografia do Autor

Cristiana Marinho da Costa, Universidade de São Paulo

Doutoranda em Ensino de Ciências, modalidade Ensino de Biologia. Universidade de São Paulo (USP), Programa de Pós-graduação Interunidades em Ensino de Ciências (PIEC), Instituto de Biociências. São Paulo, SP, Brasil.

Andreza Aquino Pereira, Universidade de São Paulo

Mestranda em Ensino de Ciências, modalidade Ensino de Biologia. Universidade de São Paulo (USP), Programa de Pós-graduação Interunidades em Ensino de Ciências (PIEC), Faculdade de educação. São Paulo, SP, Brasil.

Referências

ACSELRAD, H. As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In: Conflitos Ambientais no Brasil. H. ACSELRAD (org). Rio de Janeiro: Relume Dumará; F. Heinrich Böll, 2004.

ACSELRAD, H.; HERCULANO, S.; PÁDUA, J. A. A justiça ambiental e a dinâmica das lutas socioambientais no Brasil – uma introdução. In: ACSELRAD, H.; HERCULANO, S.; PÁDUA, J. A. (eds.). Justiça ambiental e cidadania. Vol. 2. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. p. 9-20.

ALIER, J. M. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens devaloração. São Paulo: Contexto, 2007.

ALMEIDA, ALMEIDA FILHO, N. A universidade brasileira num contexto globalizado de mercantilização do ensino superior: colleges vs. Vikings. Revista Lusófona de Educação, v. 32, p. 11-30, 2016.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S., K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.

COSTA, J.M; LOPES, P.T.D A Educação Ambiental na formação de professores. Redin, Taquara/RS, FACCAT, v.11, n.1, p.2-24, 2022.

FERDINAND, M. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo: Ubu Editora, 2022. 320 p.

FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, v. 23, n. 79, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 58º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

GUIMARÃES, M. Educação ambiental: participação para além dos muros da escola. Conceitos e práticas em educação ambiental na escola, v. 85, 245 pp. 2007.

GUIMARÃES, S. S. M.; INFORSATO, E. C. A percepção do professor de biologia e a sua formação: a educação ambiental em questão. Ciência & Educação, v. 18, n. 3, p. 737-754, 2012.

KISTEMACHER, D.; COSTA, M. DO C. G. B. Política de Educação Ambiental na licenciatura: percepções de discentes em Ciências Naturais. Pesquisa em Foco, v. 27, n. 1, p. 16-37. 2022.

LEFF, E. Aventuras da epistemologia ambiental: da articulação das ciências ao diálogo de saberes. São Paulo: Cortez, 2012.

MORALES, A. G. M. O processo de formação em educação ambiental no ensino superior: trajetória dos cursos de especialização. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 18, p. 283- 302, 2007.

NEVES, I. S. V. Planejamento Educacional no percurso formativo. In: Revista Docência no Ensino Superior, v.2, UFMG. 2012.

NÓVOA, A. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002

OLIVEIRA, M.A.N. (Re)Pensando A Formação De Professores Em Educação Ambiental. Revista Monografias Ambientais Santa Maria, Edição Especial Curso de Especialização em Educação Ambiental. 2015, p. 08−16

PACHECO, T. Inequality, environmental injustice, and racism in Brazil: beyond the question of colour. Development in Practice, v. 18, nº 6, 2008, p. 713-725.

PIMENTA, S. G.; ALMEIDA, M. I. Pedagogia universitária - valorizando o ensino e à docência na universidade. Revista Portuguesa de Educação, v. 27(2), p. 07-31, 2014.

REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2017. 87p. E-book.

STORTTI, M.A; SANCHEZ, C.P. Diálogos entre a Formação Inicial Docente em Biologia e a temática da Justiça, conflitos e Racismo Ambiental. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande, v. 36, n. 2, p. 60 - 82, mai./ago. 2019.

TAVARES, F. B. R.; DE FIGUEIREDO SOUSA, F. C.; DA SILVA SANTOS, V. E. A educação ambiental com perspectiva transdisciplinar no contexto da legislação brasileira. Research, Society and Development, v. 7, n. 12, p. e2712478-e2712478, 2018.

Publicado
2024-12-31
Como Citar
COSTA, C. M. DA; PEREIRA, A. A. Formação inicial de licenciandos: a urgência de uma Educação Ambiental Crítica e Emancipatória. Revista Ensin@ UFMS, v. 5, n. 9, p. 295-310, 31 dez. 2024.
Seção
Dossiê