Alienação, fetichismo e discurso em O Capital

  • Justino de Sousa Junior

Resumo

Este estudo toma como objeto de análise o discurso marxiano desenvolvido na obra O Capital. Ele pretende primeiro afirmar o caráter heterodoxo do discurso que tece a obra; demonstrar que se trata de um discurso cheio de apelo poético, referências literárias, ironias, ataques jocosos a adversários teóricos que fazem com que o discurso d’ O Capital não só se afaste, mas contrarie os padrões assépticos do texto científico. Em segundo lugar, o estudo detém-se no objetivo central que é analisar a estratégia discursiva utilizada na exposição da teoria do fetichismo da mercadoria. Sua tese defende que a exposição dessa teoria se faz baseada na utilização de “símiles” como recurso discursivo que funciona como reforço da teoria. Os símiles tem a função de apresentar a mercadoria como ente autônomo e independente dos sujeitos. Marx cria um artifício discursivo para alimentar a ideia da mercadoria como ser que tem alma, vida, que age, movimenta-se com suas próprias pernas, tem pele, olhos, linguagem, pensamento, etc. para posteriormente desfazer os “mistérios” da mercadoria. A análise ampara-se na teorização de Mészáros sobre a utilização de metáforas e símiles no texto científico. Todo o estudo é feito a partir de edições brasileiras do capital, mas cotejando as passagens citadas com o original em alemão.

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Biografia do Autor

Justino de Sousa Junior
Professor Associado da Universidade Federal do Ceará.

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Publicado
2017-04-12
Como Citar
Junior, J. de S. (2017). Alienação, fetichismo e discurso em O Capital. InterMeio: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Educação - UFMS, 22(42/44). Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/intm/article/view/3376