Literatura e Filosofia: representações do devir-mulher em Vozes do Deserto de Nélida Piñon
Resumen
Este trabalho objetiva investigar como se configuram as representações identitárias das personagens protagonistas do romance Vozes do Deserto (2004), da escritora contemporânea Nélida Piñon, numa associação com as teorias desenvolvidas pelos filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, sobretudo a partir da noção de devir-mulher, problematizada no volume 4 do Mil Platôs (2012). Nossa discussão se desenrola a partir da análise do embate entre a figura da Scherezade e a do Califa, ao longo da narrativa, apontando para o entendimento de que a personagem feminina, tanto na sua vida social como na função de contadora de histórias, assume uma identidade que passa por processos de devir, traduzindo uma ideia de potência manifestada, sobretudo, por suas ações e pelo modo como cria e performatiza os enredos que inventa. Por outro lado, o sujeito masculino é colocado numa posição contrária, em que sua subjetividade está relacionada ao universo de uma macropolítica, sendo reconhecido pelo leitor como uma figura despotencializada.
Citas
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol.4. Tradução Suely Rolnik. São Paulo: Ed. 34, 2012.
PIÑON, Nélida. Vozes do Deserto. Rio de Janeiro: Record, 2004.
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