Mulher e política: o discurso autoritário em entrevista a Manuela d'Ávila no programa Roda Viva de 2018
Resumo
Este artigo analisa discursos de entrevistadores da então pré-candidata à Presidência da República Manuela D’Ávila no Programa Roda-Viva, realizado e veiculado no dia 25 de junho de 2018 pela emissora brasileira TV Cultura. Procurou-se apontar nas falas dos interlocutores técnicas e artifícios de ataque e descrédito ao discurso do outro, - considerado “inimigo” – fazendo aproximações com os Estudos sobre o Preconceito, realizados nos anos de 1940 e 1950, tendo entre os pesquisadores os frankfurtianos Theodor Adorno e Herbert Marcuse. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório que se ampara na Teoria Social Crítica e na Análise Imanente do discurso. O tom misógino utilizado pelos entrevistadores é, portanto, atravessado e legitimado por um discurso autoritário, que, dentre outras formas, manifesta-se nas muitas interrupções de fala que Manuela D'Ávila sofreu. Isso sugere que a mulher na política brasileira está sendo concebida como se fosse o “Outro do homem”: o “não homem”, o estranho e, portanto, o “inimigo” a ser combatido. Tais observações conduziram a uma revisão das ponderações e críticas que Marcuse elabora acerca de um comportamento social que oprime e sustenta desigualdades, o qual denominou “tolerância repressiva”. Acreditamos que pensar a misoginia na política contemporânea brasileira a partir das problematizações que Marcuse faz acerca da tolerância como um processo social pode ser um norteador. Sugere-se que novos estudos acerca da relação machismo e autoritarismo no meio político brasileiro sejam realizados, no intuito de compreender melhor os fatores destes contextos.
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Referências
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