A Rede Brasileira de Mulheres Filósofas e a desigualdade de gênero na área de Filosofia
Resumo
O artigo pretende apresentar as motivações e os desafios enfrentados pela instituição da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas, coletivo de profissionais da área da filosofia, criado em 2019, onde pesquisas e iniciativas diversas que congregam atividades acadêmicas de mulheres da área de Filosofia são compartilhadas, divulgadas e incentivadas. Diante do quadro de desigualdade de gênero na área, são ali computados dados que quantificam a diferença gritante da presença das mulheres filósofas nas universidades brasileiras, se comparada à dos homens. Além disso, a Rede abre espaço para que estudos em andamento, dedicados à articulação entre filosofia e mulheres, e ligados a programas de pós-graduação do país, sejam amplamente divulgados. Por fim, a Rede incentiva o debate acerca de problemas que atingem diretamente o desenvolvimento de pesquisas filosóficas por mulheres, tais como: a predominância do cânone filosófico europeu, masculino, branco e heterossexual; a baixa presença de mulheres em eventos acadêmicos, em bancas de pós-graduação ou de concursos; a quase ausência destas nas bibliografias de livros, teses e disciplinas regulares oferecidas pelos cursos de filosofia do país; a vulnerabilidade destas ao assédio moral e sexual ao longo da carreira. O artigo visa discutir esses problemas de modo a mostrar a importância desse tipo de iniciativa – a criação de uma Rede Brasileira de Mulheres Filósofas – para o enfrentamento institucional destes no contexto acadêmico brasileiro.
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