Pesquisa-improvisação: composições entre caos, real, signos e realidades – uma proposição

Resumo

Este ensaio propõe uma pesquisa-improvisação. Para tanto, após uma breve introdução acerca da problemática a ser analisada, aborda-se a teoria da história, em especial da História Cultural, para colocar em cena o drama entre os indícios do real, sua compreensão e posterior expressão por meio do texto. Adiante, sob um viés filosófico, elaboram-se distinções acerca do caos, do real e da realidade – por uma perspectiva pós-estruturalista – para, ao final do ensaio, serem dispostos certos procedimentos desta proposição em contexto. Argumenta-se, deste modo, em favor de uma pesquisa que tome a imprevisibilidade enquanto potencial, partindo de um caos precursor, atualizado no real que, mediado pela linguagem, passa a formalizar-se em realidades. Sugere-se posturas que dizem respeito à autoria da pesquisa processada por uma individualidade descentrada, em um jogo dramatizado no pesquisar, uma vez que está em agenciamentos recíprocos com outros corpos, objetos, coisas, ideias. A compreensão evoca estudos de um teor pós-social, via uma crítica implícita ao antropocentrismo, em prol de uma perspectiva na qual a imprevisão se manifeste como imanente às interações descentradas entre múltiplos corpos, em que a pesquisa-improvisação se afirma como esforço de compreender relações plurívocas.

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Biografia do Autor

Diego Winck Esteves, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Licenciado em Educação Física pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC e licenciando em História pela Universidade Federal de Pelotas – UFPel / Universidade Aberta do Brasil – UAB. Artista.

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Publicado
2023-11-16
Como Citar
Winck Esteves, D. (2023). Pesquisa-improvisação: composições entre caos, real, signos e realidades – uma proposição. Perspectivas Em Diálogo: Revista De Educação E Sociedade, 10(24), 38-57. https://doi.org/10.55028/pdres.v10i24.17726