Experiências e sentidos sobre o ser quilombola em Feira de Santana/BA: a construção da pertença
Resumo
O artigo tem como pano de fundo o cotidiano de jovens moradores de comunidades quilombolas da cidade de Feira de Santana – BA. É fruto de pesquisa realizada durante mestrado (OLIVEIRA, 2022) e objetiva refletir acerca dos sentidos sobre a experiência do ser quilombola, focalizando na seguinte questão: de que forma os sujeitos constroem e pensam a sua pertença aos quilombos? Partimos do diálogo com moradores de três comunidades quilombolas de Feira de Santana - BA. As reflexões nesse artigo trazem então algumas considerações, construídas através da pesquisa, sobre o sentido de pertença daqueles que colaboraram na investigação. O trabalho tem como principal referencial estudos e teóricos pós-coloniais, tendo como conceitos centrais a ancestralidade (OLIVEIRA, 2005; 2012) e o conceito de comunidades quilombolas, tendo em vista as suas múltiplas ressignificações (MOURA, 2001); (GUSMÃO, 1995; 2001); (MUNANGA, 2006), entendendo-as como parte de culturas negras que plásticas, movediças, e constituídas nas brechas da colonialidade (SIMAS, 2018; 2020); (RUFINO, 2017; 2020). Optou-se por uma análise qualitativa, tendo como instrumentos metodológicos: a conversa (SERPA, 2010). Como resultado, o trabalho revela indícios que permitem afirmar que as memórias constantemente rasuradas, compartilhadas e lembradas produzem também a existência daqueles que colaboram com a investigação.
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