Pan-africanismo e educação: perspectivas para o ensino das africanidades
Resumo
O objetivo principal desse ensaio foi apresentar a relação entre o pensamento pan-africanista e educação a partir do ensino das africanidades. O fundamento metodológico utilizado foi a afrodescendência, através da qual adentramos os territórios e ao investigar sua história e cultura reconhecemos suas africanidades. A identificação e a compreensão das africanidades propicia um enfrentamento ao pensamento eurocêntrico que é a base da educação brasileira. O eurocentrismo busca impedir um entendimento crítico da realidade, inclusive o açambarcar do protagonismo social negro, o que recai em formas equivocadas de tratar as diferenças étnico-raciais. A suplantação da perspectiva eurocêntrica só será possível com uma mudança de paradigma científico, como o Pan-Africanismo, que ao longo dos anos vem influenciando a emergência de referenciais teórico-metodológicos específicos. Para esse estudo utilizando-nos do referencial metodológico percursos urbanos propomos a ação de um percurso urbano, cujo foco é o açambarcar das africanidades através da técnica da taipa. Espacializamos nosso olhar e trouxemos um panorama do distrito de Ourânia, localizado no município de Natividade-RJ. Numa perspectiva transdisciplinar propomos um trabalho com as disciplinas Geografia, História, Português e Artes. Os percursos urbanos nos levam a constatar e entender as africanidades de determinado lugar, sendo relevante para a efetivação da Lei 10639/03.
Downloads
Referências
BICUDO, Virgínia Leone. Atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo. Introdução e edição de Marcos Chor Maior. São Paulo: Editora Sociologia e Política, 2010.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de Janeiro de 2003. Disponível em: https://www.planalto.gov.br Acesso: em 25 jan. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
CUNHA JUNIOR, Henrique. Africanidade, afrodescendência e educação. Educação em debate, Fortaleza, v.2, n. 42, p. 1-11, 2001.
CUNHA JUNIOR, Henrique. História dos Afrodescendentes: Disciplina do curso de pedagogia da Universidade Federal do Ceará. Revista Eletrônica Espaço Acadêmico (Online), v. 21, p. 10, 2022.
CUNHA JUNIOR, Henrique. Resolvendo o problema de como tratar o dia 13 de maio nas escolas. Revista Espaço Acadêmico, n. 226, ano XX, jan./fev. 2021.
CUNHA JUNIOR, Henrique. Tecnologia africana na formação brasileira. Rio de Janeiro: CEAP, 2010.
CUNHA JUNIOR, HENRIQUE. Texto de trabalho na disciplina de Etnia e gênero e educação na perspectiva dos Afrodescendentes, Mimeo, 2006.
DIOP, Cheikh Anta. A unidade Cultural da África Negra: Esferas do Patriarcado e do Matriarcado na Antiguidade Clássica. Luanda: Edições Mulemba, 2014.
GAMA, Luiz. Liberdade 1880–1882. São Paulo: Hedra, 2021.
GOMES, Fábio Florenço. Pan-africanismo, historiografia e educação: experiências em Cabo Verde e no Brasil. 2014. 268f. Dissertação (Mestrado em Educação Brasileira) - Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira, Fortaleza (CE), 2014.
HAMPATÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2. ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010. p. 167-212.
HONGOH, Joseph. The Asian-African Conference (Bandung) and Pan-africanism: the challenge of reconciling continental solidarity with national sovereignty. Australian Journal of International Affairs, 2016.
MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988.
NASCIMENTO, Beatriz. Beatriz Nascimento, quilombola e intelectual. Possibilidades nos dias da destruição. São Paulo: Editora Filhos da África, 2018.
NUNES, Cicera. Os congos de milagres e africanidades na educação do Cariri cearense. 2010. 148f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, Fortaleza-CE, 2010.
NUNES, Cicera; CUNHA JUNIOR, Henrique. Os congos de Milagres: a escola e o ensino da cultura de base africana no Cariri cearense. In: Artefatos da cultura negra no Ceará. CUNHA JUNIOR et al (Orgs.). Fortaleza: Edições UFC, 2011.p. 41-55.
QUERINO, Manuel. O colono preto como fator da civilização Brasileira. Disponível em: <https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20815/13416>. Acesso em: 12 dez. 2022.
RAMOS, Alberto Guerreiro, 1982. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de janeiro: Editora UFRJ, 1995.
REIS, Raissa Brescia dos. África imaginada: história intelectual, pan-africanismo, nação e unidade africana na Présence Africaine (1947-1966). 523 f. 2018. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte (MG), 2018.
SANTOS, Ana Paula dos. Educação escolar quilombola no Cariri Cearense: africanização da escola a partir de pedagogias de quilombo. 2018. 218f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza (CE), 2018.
SANTOS, José Antônio dos. Prisioneiros da história: trajetórias intelectuais na imprensa negra meridional. 2011. 281 f. Tese (Doutorado em História)– Programa de Pós-Graduação em História, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
SILVA, Meryelle Macedo da. O ensino de geografia e a efetivação da Lei. 10.639/03 nos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2022. 44f. Monografia (Graduação em Pedagogia) - Departamento de Educação, Universidade Regional do Cariri-URCA. Crato, 2022.
SILVA, Meryelle Macedo da. Patrimônio Arquitetônico Afrocratense: implicações educativas. 2019. 114f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Regional do Cariri-URCA. Crato, 2019.
SILVA, Meryelle Macedo da ; CUNHA JUNIOR, Henrique. Alto da Penha: percursos urbanos e africanização dos currículos. In: REIS, Thiago S.; FERREIRA, Maria (orgs.). Actas Completas da 4ª Jornada Virtual Internacional em Pesquisa Científica: Educação, Cultura e Cidadania. Porto: Editora Cravo, 2022, pp.262-273.
SILVA, Meryelle Macedo da; CUNHA JUNIOR, Henrique. Percursos urbanos como forma de pesquisar o patrimônio afrocratense. GeoTextos, vol. 15, n. 2, dez., p. 199-215, 2019.
SILVA; Meryelle Macedo da.; CUNHA JUNIOR, Henrique. O espaço urbano do Crato-Ce: a visibilidade de um patrimônio afroarquitetônico. In: Afro patrimônio cultural. SANTOS, Marlene Pereira dos; CUNHA JUNIOR, Henrique (Orgs.) Fortaleza, CE: Editora Via Dourada, 2019. p. 130-167.
SOUZA, Márcia Aparecida de; SILVA, Meryelle Macedo da. Percursos urbanos em Natividade - RJ: perspectiva para o reconhecimento do patrimônio cultural negro. In: REIS, Thiago S.; FERREIRA, Maria (Orgs.). Actas Completas da 4ª Jornada Virtual Internacional em Pesquisa Científica: Educação, Cultura e Cidadania. Porto: Editora Cravo, 2022, pp.749-758.
WEIMER, Gunter. Inter-relações afro-brasileiras na arquitetura. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014.
Copyright (c) 2023 Perspectivas em Diálogo: Revista de Educação e Sociedade
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.