A educação não-formal e o teatro a favor da emergência dos sujeitos
Resumo
Neste artigo buscamos refletir sobre as perspectivas e proposições político-didáticas crítico-emancipadoras, no que tange as diferenças na educação não-formal e formal. Entendemos que os espaços educativos são múltiplos e o que nos interessa é a compreensão dos limites e/ou fronteiras que podem fomentar uma sociedade intensamente estratificada e desagregada no sentido das identidades, dos direitos, das exclusões no campo das políticas públicas e produções das diferenças. Assim, nos debruçamos sobre uma concepção de metodologia de trabalho crítica, desenvolvida ao largo de 5 anos em um programa de educação integral, com crianças de 6-12 anos, sob o prisma da educação não-formal e o teatro, onde se utilizou de uma atuação didático-metodológica para desvelar uma dada visão de mundo simplificadora e estimular uma formação ética e pluralista em que a apreensão dos “lugares” sociais seja extrapolada ao mesmo tempo que sejam valorizadas pautas significativas da relação de identidade e sociabilidade no aspecto de superação das diferenças e fronteiras tão nocivas no contexto brasileiro. Nosso delineamento metodológico é de cunho qualitativo, nos amparamos em relatórios institucionais e em documentação pessoal sobre as atividades desenvolvidas em oficinas de teatro no programa de educação integral. Assim, relatamos a experiência formativa, na qual o processo formativo se dá pela lógica de ampliação do espaço escolar e de atividades que estão direcionadas ao cumprimento de metas da rede, com a ampliação de repertório e práticas que contribuam para o desenvolvimento de jovens em situação de vulnerabilidade social, na qual se considera a questão territorial.
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