Maternidades e academia: experiências analíticas e políticas

Resumo

Neste artigo, buscamos problematizar a maternidade no cotidiano das universidades como uma questão que traz dimensões reflexivas para a experiência de ensino-aprendizagem, para as relações intersubjetivas e para as problematizações teórico-analíticas produzidas na academia. Nossas análises sobre as relações entre maternidades e academia partem de nossas experiências como mães e pesquisadoras de temas relativos à maternidade e, em específico, sobre vivências e teorizações em torno da maternidade solo e do uso da terminologia monoparentalidade. É, então, a partir desse encontro entre as autoras, mas também delas com outras parceiras intelectuais e experienciais na academia que este texto busca problematizar como a construção de questões, a um só tempo, teóricas, políticas e experienciais, se dá atravessada pela experiência da maternidade como um marcador social da diferença.

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Biografia do Autor

Sabrina Finamori, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Campinas (UNICAMP).  Professora do Departamento de Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Programa de Pós-Graduação em Antropologia UFMG e pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Sexualidades (GESEX).

Gisele Camilo da Mata, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Mestre em Educação - PROMESTRE/FaE/UFMG. Especialista em Gestão Pública pela Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG (2014) e graduada em Processos Gerenciais pela mesma Universidade (UEMG). Graduada em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sete Lagoas (UNIFEMM).

 

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Publicado
2023-11-16
Como Citar
Finamori, S., & Mata, G. C. da. (2023). Maternidades e academia: experiências analíticas e políticas. Perspectivas Em Diálogo: Revista De Educação E Sociedade, 10(24), 6-21. https://doi.org/10.55028/pdres.v10i24.18036