Marcas necropolíticas sobre corpos dissidentes em Mato Grosso do Sul / MS

  • Esmael Alves de Oliveira Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil
  • Joalisson Oliveira Araujo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Sociocultural da Universidade Federal da Grande Dourados

Resumo

Ao nos debruçarmos sobre estatísticas recentes do/no estado de Mato Grosso do Sul nos deparamos com inúmeras violências perpetradas contra pessoas LGBT+. Para fins de análise, nos voltamos para as cifras expostas no Mapa da Violência de Gênero no Brasil e no Dossiê de Lesbocídio no Brasil, bem como de levantamentos e seus respectivos relatórios produzidos pelo Grupo Gay da Bahia, pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais e o Instituto Brasileiro Trans de Educação. Além disso, trazemos matérias veiculadas pela mídia jornalística sul-mato-grossense a fim de materializar narrativas.  A partir disto, tomamos tais eventos violentos sobre corpos e identidades dissidentes como quadros de guerra necropolíticos. Assim, pudemos dar conta de que as violências contra LGBT+ possuem um caráter sistêmico cuja matriz de inteligibilidade necropolítica permite que determinados sujeitos e coletivos sejam convertidos em corpos matáveis.

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Biografia do Autor

Esmael Alves de Oliveira, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil
Professor Adjunto, em regime de dedicação exclusiva, do curso de Ciências Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAnt) da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados (FCH/UFGD) e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGAS/UFMS). Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM (2007); Especialização em Antropologia -UFAM (2008); Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/UFAM (2009); Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina - PPGAS/UFSC (2014), com estágio doutoral na Universidade Eduardo Mondlane (UEM/Moçambique). Pesquisador vinculado ao Impróprias - Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças. Realizou pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS) junto ao Núcleo de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde (Nupacs) - 2018/2019. Áreas de interesse: Antropologia Urbana, Cinema/Imagens, Antropologia do Corpo e da Saúde, Gênero e Sexualidade.
Joalisson Oliveira Araujo, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Sociocultural da Universidade Federal da Grande Dourados
Vinculado à linha de pesquisa "Etnicidade, Diversidade e Fronteiras"; do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal da Grande Dourados (PPGAnt/UFGD), onde exerce atividades como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (DS/CAPES). Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (DCJUR/UESC), instituição que abriga o Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Etnicidade e Sexualidade (GENETSEX/CNPq/UESC), do qual faz parte. Também integra a equipe do Instituto Brasileiro Trans de Educação, o IBTE. Caminha em intersecções entre Antropologia do Corpo e Antropologia do Estado, tendo pesquisado transidentidades, negritudes e sexualidades. Transversalmente, se ocupa com direito ao corpo, direito à felicidade, direito antidiscriminatório e hermenêutica jurídica. 

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Publicado
2020-03-23
Como Citar
de Oliveira, E. A., & Araujo, J. O. (2020). Marcas necropolíticas sobre corpos dissidentes em Mato Grosso do Sul / MS. Perspectivas Em Diálogo: Revista De Educação E Sociedade, 7(14), 295-306. Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/persdia/article/view/9269