Programa de Residência Pedagógica e Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência: convergências em torno da configuração de um professor socorrista
Resumo
Este artigo resulta de uma pesquisa que analisou as conexões entre o Programa de Residência Pedagógica (PRP) e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), os quais integram a Política Nacional de Formação de Professores no Brasil. Tais programas se sustentam na ideia de que a formação inicial de professores deve se dar, prioritariamente, na prática, base sob a qual se desenvolvem as chamadas competências profissionais. O objetivo geral do estudo foi analisar a existência de convergências entre esses programas e suas implicações para a formação docente. Para tanto, valeu-se de revisão bibliográfica e análise de documentos sobre o PRP e o PIBID. Com base na análise dos dados, foi possível perceber que eles buscam enquadrar a formação inicial docente às orientações contidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); reduzem tal formação ao treinamento de habilidades e à aquisição e certificação de competências; provocam competição entre as instituições e os pares; promovem novas atribuições às escolas e aos professores; e contribuem para naturalizar a precarização do trabalho docente e do trabalho voluntário. Tais implicações revelam a formação do professor desejado no âmbito da reestruturação produtiva e do regime flexível do capital: o professor socorrista.
Referências
ALVES, G; MOREIRA, J; PUZIOL, J. Educação profissional e ideologia das competências: elementos para uma crítica da nova pedagogia empresarial sob a mundialização do capital. Revista de Educação Educere, Cascavel, PR, v. 4, n. jul/dez, p.4559, 2009.
ANADON, S. B; GONÇALVES, S. da R. V. Pibid e Residência Pedagógica: efeitos nos cursos de licenciatura. In: X Congresso Iberoamericano de Docência Universitária (CIDU). Comunicação, Eixo temático: Currículo e Percursos Formativos, 2018, Porto Alegre.
BRASIL. Política Nacional de Formação de Professores. Brasília, DF: MEC, 2017.
BRASIL. Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. Diário Oficial da União – DF, 2017a.
BRASIL. Resolução CNE/CP n° 4, de 17 de novembro de 2018. Institui a Base Nacional Comum Curricular na Etapa do Ensino Médio como etapa final da Educação Básica. Diário Oficial da União – DF, 2018.
BRASIL. Resolução CNE/CP n° 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica (DCNFIP) e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNCFP). Diário Oficial da União – DF, 2019.
BRASIL. 3ª Versão do Parecer (atualizada em 18/09/19). Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica. Brasília – DF, 2019a.
BRUNS, B; LUQUE, J. Professores Excelentes: como melhorar a aprendizagem dos estudantes na América Latina e no Caribe. Washington, D.C.: Banco Mundial, 2014.
CAPES. Chamada Pública para apresentação de propostas no âmbito do Pibid. Rio de Janeiro: CAPES, 2018.
CAPES. Chamada Pública para apresentação de propostas no âmbito do Pibid. Rio de Janeiro: CAPES, 2020.
CAPES. Chamada Pública para apresentação de propostas no âmbito do Programa de Residência Pedagógica. Rio de Janeiro, 2018b.
CAPES. Chamada Pública para apresentação de propostas no âmbito do Programa de Residência Pedagógica. Rio de Janeiro, 2020a.
CAPES. Portaria no 38, de 28 de fev. de 2018. Institui o Programa Residência Pedagógica. RJ, 2018a.
COSTA, C. C. D; GONÇALVES, S. da R. V. A residência pedagógica e o pragmatismo na formação docente. Revista de Estudios y Experiencias en Educación, Chile, v. 19, n. 41, p. 307321, dez. 2020.
CRUZ, S. P.; SILVA, K. A. C. P. da. A residência pedagógica na formação de professores: história, hegemonia e resistências. Momento Diálogos em Educação, v. 27, n. 2, p. 227247, ago. 2018.
ELACQUA, G. et al. Profissão professor na américa latina: por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo? Washington: BID, 2018.
EVANGELISTA, O. Apontamentos para o trabalho com documentos de política educacional. Roteiro de trabalho do minicurso oferecido durante a 31ª Reunião Anual da Anped [GT15: Educação Especial]. Caxambu, MG, 19-22 out. 2008.
FARIA, J. B.; DINIZPEREIRA, J. E. Residência pedagógica: afinal, o que é isso? Revista De Educação Pública, 28(68), 333356, 2019.
FARIAS, I. M. S. de; CAVALCANTE, M. M. da S.; GONÇALVES, M. T. L. Residência Pedagógica: entre convergências e disputas o campo da Formação de Professores. Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores, v. 12, n. 25, p. 95108, 22 dez. 2020.
FERREIRA, S. G. dos S. A residência para a formação de professores no Brasil: CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS E CONFORMAÇÃO DOCENTE. Florianópolis-SC. Dissertação, Programa de PósGraduação em Educação. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2021.
FERREIRA, S. G. dos S. A residência pedagógica e a formação do professor socorrista. FlorianópolisSC. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Pedagogia. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2021a.
FOSTER, J. B. Educação e a crise estrutural do capital: o caso dos Estados Unidos. PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 31, n. 1, 85136, jan/abr, 2013.
FREITAS, L. C. de. A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias. 1ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2018.
HARVEY, D. Condição PósModerna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 17a ed. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
KUENZER A. Z. Competência como Práxis: os dilemas da relação entre teoria e prática na educação dos trabalhadores. Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30, 2004.
PIMENTA, S. G; LIMA, M. S. L. Estágios supervisionados e o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência: duas faces da mesma moeda? Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 24, 2019.
PORTELINHA, A. M. S; NEZ, E. de; BORDIGNON, L. S. Política de Formação de Professores: reflexões sobre o pibid e programa de residência pedagógica. InterFaces Científicas, v.9, n.1, 2020.
RAMOS, M. N. A pedagogia das competências: autonomia ou adaptação? 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
RAVITCH, D. Vida e Morte do Grande Sistema Escolar Americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Porto Alegre, RS: Sulina, 2011.
SHIROMA, E. O. O eufemismo da profissionalização. In: Iluminismo às Avessas: produção de conhecimento e políticas de formação docente. Rio de Janeiro: DP&A, 2003a.
SHIROMA, E. O. Política de Profissionalização, aprimoramento ou desintelectualização do professor? Rev. Intermeio, Campo Grande, MS, v. 9, n. 17, p. 6483, 2003.
SILVA, K. A. C. P. da. Políticas de Formação de Professores: construindo resistências. Retratos da Escola, Brasília, v. 12, n. 23, p. 307320, jul/out, 2018.
SILVA, K. A. C. P. da. Residência pedagógica: uma discussão epistemológica. Formação Docente, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 109122, set/dez, 2020.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
ZEICHNER, K. M. A mercantilização da formação de professores nos EUA. In: Políticas de Formação de Professores nos Estados Unidos: como e por que elas afetam vários países no mundo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, p.99130, 2013.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
- Os autores mantém os direitos autorais e concedem à Revista ENSIN@ UFMS o direito de primeira publicação.
- Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada do artigo (por exemplo, em um repositório institucional ou em um livro), seguindo os critérios da licença Creative Commons CC BY–NC–SA e um reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Ensin@ UFMS.
- Os autores são permitidos e incentivados a distribuírem livremente os artigos publicados na Revista Ensin@ UFMS em suas páginas pessoais e em repositórios institucionais de divulgação científica, após a publicação, sem qualquer período de embargo.
A Revista ENSIN@ UFMS se reserva o direito de publicar os artigos em seu site ou por meio de cópia xerográfica, com a devida citação da fonte.