Eu não encontrei tanta dificuldade, mas eu também sempre tive que ter um passo à frente. Geografias Feministas e a Interseccionalidade de Mulheres

Palavras-chave: Gênero, Cotidiano, Interseccionalidade

Resumo

Neste trabalho objetivamos compreender o cotidiano de mulheres que possuem ocupações socialmente tidas como masculinas. Para isso nos apropriamos da metodologia qualitativa com a realização de entrevistas com roteiro semiestruturado com mulheres que possuem essas ocupações, para compreender suas vivências socioespaciais. A assimetria nas relações econômicas entre os diferentes gêneros se dá através das permanentes relações de poder, que se expressam nos espaços de trabalho e nas corporeidades dos sujeitos sociais envolvidos. A sociedade é caracterizada pelas desigualdades e contradições do sistema capitalista de produção, resultando em opressões que atingem grupos sociais inferiorizados ao não se enquadrarem (ou se enquadrarem parcialmente) no padrão heteronormativo e patriarcal. Isso é evidente também por meio da divisão social do trabalho, que define os papeis na economia entre os diferentes gêneros, classes e raças. Por meio da insatisfação e luta das mulheres esse contexto passa por modificações (de modo sempre relativo) e hoje verificamos mulheres com ocupações socialmente designadas a homens: bombeiras, políticas, motoristas, trabalhadoras da construção civil. Estas que ao mesmo tempo vivenciam em seus cotidianos múltiplos desafios, traçam diferentes estratégias para driblá-los.

Biografia do Autor

Patricia Helena Milani, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Possui Graduação (2009) e Mestrado (2012) em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas. Doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus de Presidente Prudente (2016), com a realização do Doutorado Sanduíche na Universidade de Lleida, Espanha, em 2014. É Professora Adjunta do Curso de Graduação e Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas (CPTL). É membro do Grupo de Pesquisa Espaço Urbano e Produção do Território - UFMS e Coordenadora do Laboratório de Estudos Urbanos e do Território (LETUR/UFMS). Também integra o Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais ? GAsPERR (UNESP/Presidente Prudente) e o LEA-UFMS - Laboratório Multidisciplinar de Ensino e Pesquisa (CNPq). Tem experiência na área de Geografia Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: produção do espaço urbano, segregação socioespacial, fragmentação socioespacial, práticas espaciais e cidades médias.

Melissa Pereira Oliveri, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Acadêmica do curso de Geografia, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Campus de Três Lagoas). Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET-Geografia) e participante do Programa de Iniciação Científica Voluntária (PIVIC/UFMS), com o tema de pesquisa: A relação entre o modo de vida urbano e a hierarquização de gênero. Desenvolve pesquisa no âmbito da Geografia Urbana e Desigualdade de Gênero. Integrante do Projeto de Pesquisa: A Segregação Socioespacial em Três Lagoas: Escalas, Formas e Conteúdos e membra do Laboratório de Estudos Urbanos e do Território.

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Publicado
2022-12-20
Como Citar
MILANI, P. H.; OLIVERI, M. P. Eu não encontrei tanta dificuldade, mas eu também sempre tive que ter um passo à frente. Geografias Feministas e a Interseccionalidade de Mulheres. Revista Ensin@ UFMS, v. 3, n. 7, p. 98-117, 20 dez. 2022.