O Ensino de Botânica Escolar no Último Século em Portugal: análise de livros didáticos do ensino fundamental 1

  • Fernando Guimarães

Resumo

O presente estudo assume como objetivo principal analisar qual a importância que tem sido conferida, em Portugal, à área de Botânica nos livros didáticos de Ciências da Natureza do Ensino Fundamental 1. Na tentativa de perceber de que forma ocorreu uma evolução na abordagem de conteúdos de Botânica, apreciamos livros didáticos baseados em onze princípios. Esta apreciação, apoiada numa abordagem metodológica assente na análise de conteúdo, pelo estabelecimento de categorias a posteriori, e na análise de clusters, pela elaboração de dendogramas, contribui para confrontar as fontes primárias quanto aos conteúdos que incluem, as orientações curriculares, pedagógicas e didáticas que traduzem, as recomendações de políticas educativas, curriculares e didáticas, assim como os valores educativos e científicos que sugerem. Os resultados mostram que a par das alterações de designações do ensino das Ciências da Natureza, os conteúdos nelas incluídos também se modificam e adquirem relevâncias distintas. Assim, surgem a variação da terminologia dos livros didáticos, a substituição do texto pelas imagens, a descomplexificação, a desconceitualização, os contextos didáticos de Botânica e a conservação dos conteúdos de Botânica distribuídos por diferentes dimensões do ensino da Botânica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernando Guimarães

Instituto de Educação da Universidade do Minho – Portugal

Referências

APG. An update of the angios perm phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants: APG II, Bot. J. Linn. Soc. Lond., 141, p. 399-436, 2003.

BARDIN, L. El análisis de contenido. Madrid: Akal, 1988.

BELL, J.; BUSH, T.; FOX, A.; GOODEY, J.; GOULDING, S. (Eds.). Conduting Small-Scale Investigationsin Educational Management. London: Harper&Row, 1984.

CARVALHO, G. S.; FREITAS, M. L. V. Metodologia do Estudo do Meio. Angola: Plural Editores, 2010.

CAVADAS, B.; GUIMARÃES, F. As ilustrações dos manuais de botânica de Seomara da Costa Primo. In: DUARTE, J. B. (Org.).Manuais escolares e dinâmica da aprendizagem: podem os manuais contribuir para a transformação da escola?. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2010, p. 117-142.

CHERVEL, A. L’histoire des Disciplines Scolaires. Réflexions sur une domaine de recherche. Histoire de l´Éducation, 38, Paris, p. 59-119, 1988.

CRONQUIST, A. An integrated system of classification of Flowering Plants. Nova Iorque: Columbia University Press, 1981.

DEVELAY, M. De l’apprentissage à l’enseignement. Paris: ESF Éditeur, 1999.

DROUIN, A. M.; ASTOLFI, J. P. Milieu. Aster, 3, Paris, p. 73-109, 1986.

FRACALANZA, H.; MEGID-NETO, J. O livro didático de ciências: o que nos dizem os professores, as pesquisas acadêmicas e os documentos oficiais. Contestado e Educação, 2, p. 22-31, 2003.

GIORDAN, A. Une didactique pour les sciences expérimentales. Paris: Éditions Belin, 1999.

GUIMARÃES, F. Saberes escolares de Botânica nos Livros Didácticos de Ciências da Natureza dos Ensinos Primário e Básico (1.º Ciclo). Análise ao seu estatuto curricular no último século em Portugal. Plures – Humanidades, 10,p. 27-45, 2008.

GUIMARÃES, F. O ensino de Botânica em Portugal. Análise de manuais escolares do 1.º Ciclo do Ensino Básico (1900-2000). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2010.

GUIMARÃES, F.; SANTOS, F. S. Botany teaching in Portugal and Brazil: analysis of school textbooks and their application in elementary school classes (2001- 2010). In: GÓMEZ CHOVA, L.; MARTÍ BELENGUER, D.; CANDEL TORRES, I. (Eds.). International Conference of Education, Research and Inovation 2009 - Madrid. Proceedings. Valencia, Espanha: International Association of Technology, Education and Development, 2009. p. 6785-6790.

JOLY, A. B. Botânica — introdução à taxonomia vegetal. São Paulo: Editora Nacional, 1987.

KINOSHITA, L. S.;TORRES, R. B.; TAMASHIRO, J. Y.;FORNI-MARTINS, E. R.(Orgs.). A botânica no ensino básico: relatos de uma experiência transformadora. São Carlos: SP, Rima, 2006.

KRIPPENDORF, K. Content Analysis. An Introduction to its Methodology. Beverly Hills: Sage, 1980.

LAJOLO, M. Livro didático: um (quase) manual de ensino. Em Aberto, 16, 69, p. 40-49, 1996.

LESSARD-HÉBERT, M.;GOYETTE, G.; BOUTIN, G. Investigação qualitativa: fundamentos e práticas. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1986.

MAGALHÃES, J. Um apontamento para a história do manual escolar. Entre a produção e a representação. In: CASTRO, R. V.; RODRIGUES, A.; SILVA, J. L.;SOUSA, M. L. D. (Orgs.).Manuais Escolares – Estatuto, Funções, História. I Encontro Internacional sobre Manuais Escolares. Braga: Universidade do Minho – Instituto de Educação e Psicologia, 1999.p. 279-301.

MAGALHÃES, J. O Manual Escolar no Quadro da História Cultural. Para uma historiografia do manual escolar em Portugal. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 1, 5-14. 2006. Disponível em:. Acesso em março de 2007.

MAROCO, J. Análise Estatística – Com Utilização do SPSS. Lisboa: Edições Sílabo, 2003.

MAROY, C. A análise qualitativa de entrevistas. In:ALBARELLO, L.; DIGNEFFE, F.; HIERNAUX, J-P.; MAROY, C.; RUQUOY, D.;DE SAINT-GEORGES, P.(Eds.).Práticas e métodos de investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1997. p. 117-155.

MOLINA, O. Quem engana quem: professor x livro didático. Campinas, SP:Papirus, 1987.

MORGADO, J. C. Manuais Escolares. Contributo para uma análise. Porto: Porto Editora, 2004.

PANCHEN, A. L. Classification, Evolution and the Nature of Biology. Cambridge: Cambridge University Press, 1992.

RADFORD, A. E. Fundamentals of Plant Systematics. Nova Iorque: Harper & Row Publishers, Inc, 1986.

SANO, P. T. Livros Didáticos. In: SANTOS, D. Y. A. C.; CECCANTINI, G.(Orgs.). Proposta para o ensino de botânica: Curso para atualização de professores da rede pública de ensino. São Paulo: Universidade de São Paulo – Instituto de Biociências, 2004. p. 43-44.

SANTOS, F. S. A Botânica no Ensino Médio: Será que é preciso apenas memorizar nomes de plantas? In: SILVA, C. C. (Org.).Estudos de história e filosofia das ciências: Subsídios para aplicação no ensino. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2006. p. 223-243.

SANTOS, L. C. P. Pluralidade de saberes em processos educativos. In: CANDAU, V. M. (Org.). Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 45-55.

STAFLEU, F. A.; COWAN R. S. Taxonomic literature — a selective guide to botanical publications and collections with dates, commentaries and types. Haia, 1979.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, Vozes, 2004.

VALA, J. A Análise de Conteúdo. In: SILVA, A. S.; PINTO, J. M. (Orgs.). Metodologia das Ciências Sociais. Porto: Edições Afrontamento, 1999. p. 101-128.

VIEIRA, V.; BIANCONI, M. L.; DIAS, M. Espaços não-formais de ensino e o currículo de ciências. 2005. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.ph>. Acesso em setembro de 2012.

Publicado
2016-10-27
Como Citar
Guimarães, F. (2016). O Ensino de Botânica Escolar no Último Século em Portugal: análise de livros didáticos do ensino fundamental 1. InterMeio: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Educação - UFMS, 20(39). Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/intm/article/view/2345