Por uma ciência sucessora ecofeminista: uma crítica da dicotomia aparência-realidade subjacente

Resumo

Neste artigo percorro um caminho pela História da Filosofia que parte do poema de Parmênides e vai até a Revolução Científica dos Séculos XVI e XVII, com o objetivo de expor algumas etapas fundamentais do processo que levou à supervalorização daquelas metodologias de pesquisa científica que Hugh Lacey denominou “estratégias descontextualizadas”. Ao fazer isto, revisito a temática feyerabendiana da crítica à busca ocidental por uma realidade subjacente distinta das aparências, trazendo-a para o contexto da crítica feminista contemporânea da ciência, que tem denunciado as hierarquias de valor e correspondentes formas de dominação ensejadas pelo pensamento dicotómico, aquele que traduz a complexidade do mundo em pares de opostos como razão e sentimento, cultura e natureza, sujeito e objeto, heterossexual e homossexual, homem e mulher ou, no caso de que tratarei aqui, realidade subjacente e aparência sensível. Defendo que a busca por um conhecimento universalizante expresso em leis, com a correspondente desvalorização epistêmica da singularidade irredutível da experiência sensível, se mostrou muito eficaz para o controle e a mercantilização da natureza, mas é incompatível com uma ciência sucessora ecofeminista capaz de regenerar o planeta e proporcionar melhores condições de vida para todas as pessoas e animais que nele habitam. 

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Biografia do Autor

Anastasia Guidi Itokazu, Universidade Federal do ABC (UFABC)

Doutora em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora da Universidade Federal do ABC (UFABC). Membro do Grupo NEXOS - Teoria Crítica e Pesquisa Interdisciplinar. 

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Publicado
2023-06-17
Como Citar
Itokazu, A. G. (2023). Por uma ciência sucessora ecofeminista: uma crítica da dicotomia aparência-realidade subjacente. Perspectivas Em Diálogo: Revista De Educação E Sociedade, 10(23), 91-103. https://doi.org/10.55028/pdres.v10i23.16698