Pensamento Computacional e sua identidade conceitual no pós-BNCC
Uma análise crítica das ambiguidades persistentes
Resumo
A inclusão do Pensamento Computacional (PC) como competência obrigatória na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Computação em 2022 consolidou sua presença no currículo da Educação Básica brasileira. No entanto, a consolidação conceitual do PC ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no campo da formação docente e da produção acadêmica. Este artigo analisa criticamente oito documentos, entre artigos científicos e materiais educacionais, publicados após a publicação da BNCC Computação, com o objetivo de identificar padrões recorrentes de ambiguidade conceitual e uso indevido do termo. A metodologia adotada foi qualitativa, com abordagem crítica-documental e análise epistemológica. Os resultados indicam que muitos dos documentos analisados apresentam definições vagas, apropriações metafóricas ou interpretações imprecisas do conceito de PC, frequentemente baseadas em leituras acríticas da definição inaugural de Wing (2006). Identificaram-se também exemplos de uso do conceito como rótulo genérico, dissociado de critérios técnicos mínimos, como a necessidade de estruturação lógica, representações formalizáveis e potencial de execução computacional. A análise evidencia o risco de diluição do conceito no campo educacional, comprometendo sua aplicação curricular e a formação docente. Como alternativa, propõe-se uma reconstrução conceitual ancorada em três princípios: clareza epistemológica, fidelidade técnica e sensibilidade didática. O artigo conclui com diretrizes para definições educacionais mais precisas de PC, defendendo sua especificidade como competência computacional distinta e sua relevância pedagógica quando corretamente compreendida e aplicada. A contribuição desta análise está em reforçar a necessidade de rigor conceitual para garantir a efetividade do PC no contexto educacional brasileiro.
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