Por uma Universidade Feminina e Negra
Resumo
O presente trabalho traz resultados de uma pesquisa sobre as representações sociais da mulher negra marajoara a partir da sua trajetória educacional na Universidade. Esse estudo se desenvolve em meio a narrativas pessoais resultantes de entrevista com 3 participantes estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA). O contexto do estudo se dá em meio a um cenário amazônico marajoara refletindo as dinâmicas sociais e interacionais dessas mulheres em torno de uma problemática: como construir sentidos e significados de representações sociais de ser mulher negra na Universidade indo contra as várias formas de opressão que perpassam as relações de gênero e cor, apontando as questões socio-territoriais-históricas da região que contribuem para essa prática opressora feminina negra na área educacional. Como objetivo geral, a pesquisa investiga as representações sociais das mulheres negras sobre ser mulher negra marajoara e universitária e como objetivos específicos, identifica as representações das mulheres negras marajoaras sobre sua trajetória educacional, analisa os sentidos constituidores de ser mulher negra marajoara e universitária e aponta quais os valores construídos por elas na orientação de novas condutas a partir do ambiente universitário. Como discussão, apresenta as narrativas das participantes onde constam os elementos constitutivos das representações sociais: sujeitos; sentidos e atitudes geradas e como resultados aborda como a universidade se comporta como um locus gerador de autonomia a essas mulheres que aprendem a reivindicar seus direitos através de suas falas e atitudes rompendo com os discursos hegemônicos academicamente brancos.
Referências
AÇÃO EDUCATIVA; CARREIRA, D. Informe Brasil – Gênero e Educação. In: Centro de Referência às Vítimas da Violência do Instituto Sedes Sapientiae. Relatório Nacional para o Direito Humano à Educação. São Paulo: Ação Educativa, 2011. Edição 2013. Disponível em: https://acaoeducativa.org.br/wp-content/uploads/2013/10/gen_educ.pdf. Acesso em: 10 ago. 2022.
AKOTIRENE. C. Interseccionalidade. São Paulo: Polém, 2019.
ALMEIDA, S. Racismo Estrutural. São Paulo: Ed. Jandaira, 2019. (Coleção Feminismos Plurais).
BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo: A Experiência Vivida. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira,1980.
BRITO, F. dos S. Mulher chefe de família: um estudo de gênero sobre a família monoparental feminina, 1998. Disponível em: http://www.urutagua.uem.br/015/15brito.htm. Acesso em: 15 jun. 2022.
CRENSHAW, K. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. University of Chicago Legal Forum, v. 1989 , Article 8.
Disponível em: https://chicagounbound.uchicago.edu/uclf/vol1989/iss1/8/. Aceso em: 10 jun. 2022.
DEERE, C. D; LÉON, M. O Empoderamento da Mulher: direitos à terra e direitos de propriedade na América Latina. Tradução: Letícia Vasconcellos Abreu, Paula Azambuja Rossato Antinolfi e Sônia Terezinha Gehering. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002.
EVARISTO, C. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas: Fundação Biblioteca Nacional, 2016.
FERREIRA, R. F; CAMARGO, A. C. As relações cotidianas e a construção da identidade negra. Psicol. cienc. prof. v.31, n.2, Brasília, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932011000200013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 10 jul. 2022.
GONZALES, L. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos, Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
HIRATA, H; KERGOAT, D. Relações sociais de sexo e psicopatologia do trabalho.In: HIRATA, Helena.Nova divisão sexual do trabalho? Um olhar voltado para a empresa e a sociedade. São Paulo: Boitempo, 2002. p.233-255.
IBGE. Brasil. Pará. Soure. População. 2018. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/soure/panorama. Acesso em: 10 jun. 2022.
IBGE. PNAD. Educação 2019: Mais da metade das pessoas de 25 anos ou mais não completaram o ensino médio. Estatísticas Sociais; 2020. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:tXPmJ_QQwewJ:https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28285-pnad-educacao-2019-mais-da-metade-das-pessoas-de-25-anos-ou-mais-nao-completaram-o-ensino-medio+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em: 30 jun. 2022.
INSTITUTO SEMESP. Mapa do Ensino Superior no Brasil. 10. ed. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.semesp.org.br/mapa-do-ensino-superior/edicao-10/. Acesso em: 12 jun. 2022.
JOVCHELOVITCH, S. Representações sociais e esfera pública: a construção simbólica dos espaços públicos no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
JOVCHELOVITCH, S. Os Contextos do Saber: Representações, comunidade e cultura. Petrópolis: Vozes. 2008.
MORAES, E. L. A Política de Promoção da Igualdade de Gênero e a Relação com o Trabalho. In: Organização Internacional do Trabalho - OIT. Igualdade de gênero e raça no trabalho: avanços e desafios. 2010. Disponível em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_229333.pdf. Acesso em: 20 jul. 2022.
MOSCOVICI, S. Lo social em tiempos de transición. Entrevista concedida a Mireya Losada). Venezuela, 1999. p. 302-305.
MOSEDALE, S. Towards a framework for assessing empowerment, 2003. Manchester UK, nov. 2003. Disponível em: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.583.6299&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 10 ago. 2022.
OYEWÙMÍ, O. La invención de las mujeres: una perspectiva africana sobre los discursos occidentales del género. Bogota: En la Frontera, 2016. Disponivel em: a-invencao-das-mulheres-oyc3a8ronke-oyewumi.pdf (wordpress.com). Acesso em: 20 ago. 2022.
PACHECO, A. S; CAETANOS, V. N. da S; BALIEIRO, M. N. P. Artes da memória marajoara: (Auto)biografias e Interculturalidades nas Telas de Maria Necy Balieiro, 2014. Disponível em: https://evento.ufal.br/anaisreaabanne/gts_download/Vivianne%20Nunes%20da%20Silva%20Caetano%20-%201020413%20-%203787%20-%20corrigido.pdf. Acesso em: 10 ago. 2022.
POLITIZE. Movimento feminista: história no Brasil, 2016. Disponível em: https://www.politize.com.br/movimento-feminista/?https://www.politize.com.br/&gclid=EAIaIQobChMImKC015ei8AIVDa7ICh13qQrAEAAYASAAEgKeZfD_BwE. Acesso em: 13 ago 2022.
POMBO, D. P; FARES, J. A. Vozes femininas no universo marajoara: experiências de vida em situações de cura. Revista Agricultura Familiar: pesquisa, formação e desenvolvimento. Belém, v.12 , n.1, p. 95 -110, jan-jun 2018. Disponível em: 4882 (ufpa.br). Acesso em: 20 ago. 2022.
POMBO, D. P. Educação, memórias e saberes amazônicos: vozes de vaqueiros marajoaras. Dissertação, 2014, 146f. Mestrado em Educação. Universidade do Estado do Pará. Belém, 2014.
PONTES, N. Universidade deve ser aliada importante no combate ao racismo institucional, 2020. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2020/07/22/universidade-deve-ser-aliada-importante-no-combate-ao-racismo-institucional. Acesso em: 10 ago. 2022.
RIBEIRO, D. Para além da biologia: Beauvoir e a refutação do sexismo biológico. Sapere Aude, v. 4, n. 7, 2013, p. 506-509. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/5565. Acesso em: 10 jul. 2022.
RIOS, R. R; SILVA, R. da. Discriminação múltipla e discriminação interseccional: aportes do feminismo negro e do direito da antidiscriminação. Rev. Bras. Ciênc. Polít. n.16, Brasília, Jan./Abr. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-33522015000200011. Acesso em: 20 mai. 2022.
SAFFIOTI, H. A mulher na sociedade de classes: mitos e realidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1979.
SCOTT, J. W. História das mulheres. In. BURKE, Peter.(Org.) A Escrita da História: Novas Perspectivas. São Paulo: Unesp. 1992.
SILVA, M. M. da. Juventude e protagonismo feminino. Revista Missões, n. 10, 2011. Disponível em: http://www.revistamissoes.org.br/2011/10/juventude-e-protagonismo-feminino/. Acesso em: 10 ago. 2022.
SPINK, M. J. P. Desvendando as teorias implícitas: uma metodologia de análise das representações sociais. In: GUARESCHI, P.; JOVCHELOVITCH, S. (Org.). Texto em representações sociais. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 117-145.
STROMQUIST, N. P. Education as a means for empowering women. In J. Parpart, S. Rai & K. Staudt (eds), Rethinking empowerment: gender and development in a global/local world. London: Routledge, 2002, pp.22-38.
TEIXEIRA, M. S. dos S. P; QUEIROZ, J. M. de. Corpo em Debate: A objetificação e sexualização da mulher negra, 2017. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/enlacando/2017/TRABALHO_EV072_MD1_SA24_ID402_17072017210303.pdf. Acesso em: 21 jun. 2022.
Copyright (c) 2022 Camila Brito, Joana D'Arc de Vasconcelos Neves , Karley dos Reis Ribeiro
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-sa/4.0/88x31.png)
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
- Os autores mantém os direitos autorais e concedem à Revista ENSIN@ UFMS o direito de primeira publicação.
- Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada do artigo (por exemplo, em um repositório institucional ou em um livro), seguindo os critérios da licença Creative Commons CC BY–NC–SA e um reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Ensin@ UFMS.
- Os autores são permitidos e incentivados a distribuírem livremente os artigos publicados na Revista Ensin@ UFMS em suas páginas pessoais e em repositórios institucionais de divulgação científica, após a publicação, sem qualquer período de embargo.
A Revista ENSIN@ UFMS se reserva o direito de publicar os artigos em seu site ou por meio de cópia xerográfica, com a devida citação da fonte.