Diversidade de Organizações Religiosas e Homogeneidade de Práticas Educativas no Brasil Colonial
Resumo
A pesquisa teve por norte identificar práticas educativas no Brasil Colônia, para desconstruir a concepção assente da História da Educação de que neste período a educação foi majoritariamente jesuítica e tinha como fundamento a erudição dos homens da Companhia de Jesus. A arque-genealogia de Foucault foi a opção metodológica para a pesquisa, por eleger como fontes os bas-fonds, as
informações situadas nos espaços marginais à área de conhecimento central do objeto. Ou seja, foi possível pensar na História da Educação Brasileira — a partir de outras histórias que lhes são periféricas, como as da Igreja, dos homossexuais, dentre outras, as quais possibilitaram identificar diversas práticas
educativas no período recortado. Dentre as ações vinculadas à religião católica, predominaram as desenvolvidas por: Clero Secular, Franciscanos, Carmelitas, Mercedários, Beneditinos e Oratorianos. Destarte, a insuficiência de conhecimentos dos mestres, a primazia de seus interesses econômicos e
a capitulação aos “prazeres da carne” foram evidenciadas como experiências cotidianas, comuns a todas as ordens e congregações, questões que se projetaram nas lutas entre essas organizações. Essa busca nos bas-fonds da educação no período colonial trouxe elementos que permitem: contestar a
história tradicional e mostrar que sua escritura não primou pela tão propalada neutralidade científica, constituindo o viés do «jesuitismo»; desconstruir a concepção da exclusividade das ações educativas jesuíticas e do elevado padrão de erudição que lhes era atribuído; inferir que a educação ao encargo
dos religiosos, partindo de uma diversidade de agentes, pautava-se em práticas similares que, em nome de Deus e de Portugal, escravizavam a população nativa; abrir leques de novos objetos para pesquisas e reflexões sobre a trajetória da Educação Brasileira.