O discurso da performatividade e a formação continuada na Rede Municipal de Ensino de São Paulo

  • Mauricio Sousa Unicamp/SMESP

Abstract

O discurso da performatividade é caracterizado pelo uso dos dados dos exames externos que influenciam as políticas educacionais brasileiras desde os anos 2000. Neste texto, é analisado como esse discurso pauta a política de formação continuada oferecida pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SMESP) no período de 2005 a 2017. Por meio da análise do discurso de documentos produzidos por essa secretaria, observou-se que o foco da formação continuada é a melhoria no desempenho e das metas de indicadores externos. Concomitantemente à análise documental, realizou-se o levantamento do desempenho dos estudantes dessa rede, na Prova Brasil, durante esse período. Concluiu-se que não existe uma relação direta entre a formação continuada oferecida pela SMESP e a melhoria (ou não) no desempenho dos estudantes; porém, evidencia-se que essa formação reproduz o discurso da performatividade em oposição à valorização do profissional reflexivo, dos contextos escolares e da formação humana.

Downloads

Download data is not yet available.

References

ALARCÃO, Isabel. Formação reflexiva de professores: Estratégias de supervisão. Portugal: Porto, 1996.

ANDRÉ, Marli. Formação de professores: A constituição de um campo de estudos. Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 3, p. 174-181, set./dez. 2010.

BALL, Stephen J. Performatividades e fabricações na economia educacional: Rumo a uma sociedade performativa. Educação & Realidade, v. 35, n. 2, p. 37-55, 2010.

BALL, Stephen J. Reforma educacional como barbárie social: Economismo e o fim da autenticidade. Práxis Educativa, v. 7, n. 1, p. 33-52, 2012.

BALL, Stephen J.; MAGUIRE, Meg; BRAUN, Annette. Com as escolas fazem as políticas: Atuação em escolas secundárias. Ponta Grossa: UEPG, 2016.

BARRIGA, Ángel Díaz. Uma polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Avaliação: Prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. p. 51-81.

BAUER, Adriana et al. Avaliação em larga escala em municípios brasileiros: O que dizem os números? Estudos em Avaliação Educacional, v. 26, n. 62, p. 326-352, 2015.

BELLO, Isabel Melero; PENNA, Marieta Gouvêa de Oliveira. O papel do coordenador pedagógico nas escolas públicas paulistanas: Entre as questões pedagógicas e o gerencialismo. Educar em Revista, n. SPE 1, p. 69-86, 2017.

BONAMINO, Alícia; FRANCO, Creso. Avaliação e política educacional; O processo de institucionalização do Saeb. Cadernos de Pesquisa, v. 101, n. 108, p. 101-132, nov. 1999.

BRZEZINSKI, Iria. Políticas contemporâneas de formação de professores para os anos iniciais do ensino fundamental. Educação & Sociedade, Campinas, v. 29, n. 105, p. 1139-1166, set./dez. 2008.

CASASSUS, Juan. El precio de la evaluación estandarizada: La pérdida de calidad y la segmentación social. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 23, n. 1, p. 71- 79, 2007.

DAVIS, Claudia L. F. et al. Formação continuada de professores: Uma análise das modalidades e das práticas em estados e municípios brasileiros. São Paulo: FCC/DPE, 2012.

FOLHA DE S. PAULO (on-line). São Paulo vai liderar o Ideb entre as capitais até 2019, promete o secretário. 13 jan. 2017. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/01/1849424-sao-paulo-vai-liderar-o-Ideb-entre-as-capitais-ate-2019-promete-secretario.shtml. Acesso em: 11 jun. 2018.

FREITAS, Helena Costa Lopes de. A (nova) política de formação de professores: a prioridade postergada. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 1.203-1.230, out. 2007.

FREITAS, Helena Costa Lopes de. Formação de professores no Brasil: 10 anos de embate entre projetos de formação. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, p. 136-167, set. 2002.

GATTI, Bernardete A. Análise das políticas públicas para formação continuada no Brasil, na última década. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 37, p. 57-70, jan./abr. 2008.

GILL, Rosalind. Análise de discurso. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático. Petrópolis/Rio de Janeiro: Vozes, 2008, p. 244-270.

IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: Formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2011.

INEP. Relatório Saeb (Aneb e Anresc) 2005-2015: Panorama da década. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2018.154 p.

MENEGÃO, Rita de Cássia Silva Godoi. Os impactos da avaliação em larga escala nos currículos escolares. Práxis Educativa (Brasil), v. 11, n. 3, p. 641-656, 2016.

MINAYO, Maria Cecília e Souza. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2014.

NÓVOA, Antonio (org.) Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

O ESTADO DE S. PAULO (on-line). A extinção da Prova São Paulo. 30 de abril de 2013. Disponível em: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-extincao-da-prova-sao-paulo-imp-,1026992. Acesso em: 15 abr. 2018.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes editora, 2015.

PERBONI, Fábio. Avaliações externas e em larga escala nas redes de educação básica dos estados brasileiros. 2016. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2016.

PIMENTA, Selma Garrido; GHEDIN, Evandro. Professor reflexivo no Brasil: Gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2012, p. 20-62.

PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza; SOUZA, Vera Lucia Trevisan de; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. O coordenador pedagógico: Aportes à proposição de políticas públicas. Cadernos de Pesquisa, v. 42, n. 147, p. 754-771, 2012.

SÃO PAULO. Proposta de formação DOT- 2005. São Paulo: SME/DOT 2005. 67p.

SÃO PAULO. Matrizes de referência para a avaliação do rendimento escolar. São Paulo: SME, 2007. 228 p.

SÃO PAULO. Parâmetros e perspectivas: Rede municipal de ensino de São Paulo 2012. São Paulo: SME/DOT, 2012. 54p.

SÃO PAULO. Revista Magistério n. 4. Avaliação de um direito do estudante. São Paulo: SME, 2015.

SHIROMA, Eneida Oto et al. Decifrar textos para compreender a política: Subsídios teórico-metodológicos para análise de documentos. Perspectiva, Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 427-446, jul./dez. 2005.

SOARES, José Francisco. Melhoria do desempenho cognitivo dos alunos do ensino fundamental. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 130, p. 135-160, jan./abr. 2007.

SOUSA, Mauricio. Apontamentos teórico-metodológicos: contribuições de Stephen J. Ball para as pesquisas de políticas educacionais. Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en Política Educativa, v. 3, p. 1-22, 2018.

SOUSA, Mauricio; FERRAROTTO, Luana. Prova São Paulo: pontos de tensão na avaliação externa em larga escala municipal. Revista Meta: Avaliação, v. 11, n. 33, p. 611-637, 2019.

SOUSA, Sandra Zákia; ARCAS, Paulo Henrique. Implicações da avaliação em larga escala no currículo: Revelações de escolas estaduais de São Paulo. Educação: Teoria e prática, v. 20, n. 35, p. 181-181, 2010.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Rio de janeiro: Vozes, 2012.

TRAVITZKI, Rodrigo. Qual é o grau de incerteza do Ideb e por que isso importa? Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 28, n. 107, p. 500-520, 2020.

Published
2023-01-31
How to Cite
Sousa, M. (2023). O discurso da performatividade e a formação continuada na Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Perspectivas Em Diálogo: Revista De Educação E Sociedade, 10(22), 41-58. https://doi.org/10.55028/pdres.v10i23.15339
Section
Artigos de fluxo contínuo