Tornar-se adulto: o papel dos projetos de vida em jovens universitários
Resumo
No contexto das transformações sociais contemporâneas, os projetos de vida são centrais na experiência da adultez emergente, marcada por instabilidade, exploração identitária e transição gradual para a autonomia. Este estudo investigou os desafios enfrentados por jovens universitários na construção de seus projetos de vida. Adotou-se uma abordagem qualitativa de cunho fenomenológico, com entrevistas semiestruturadas com quatro universitárias do campus Parque Ecológico da Unichristus, analisadas por meio da análise de discurso e produção de sentidos. Os resultados indicam que os projetos de vida se desenvolvem em meio a tensões familiares, acadêmicas e sociais, refletindo impactos do contexto neoliberal sobre a intensificação da produtividade e a fragmentação da experiência subjetiva. Conclui-se que a construção dos projetos de vida ocorre em um cenário ambivalente, em que o desejo de autorrealização convive com incertezas quanto ao futuro e sensação de exaustão, exigindo suporte emocional e estrutural para que os estudantes possam desenvolver suas trajetórias com maior segurança e equilíbrio.
Downloads
Referências
ALMEIDA, A. P. A “sociedade do desempenho” na perspectiva de Byung-Chul Han: sobre a possibilidade de uma aproximação com Immanuel Kant a partir das noções de “autonomia” e “liberdade”. Revista Psicologia & Sociedade, v. 33, n. 2, e39420, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.15448/1983-4012.2021.2.39420. Acesso em: 5 jun. 2025.
ALVES, M. Z.; DAYRELL, J. Ser alguém na vida: um estudo sobre jovens do meio rural e seus projetos de vida. Educação e Pesquisa, v. 41, n. 2, p. 375–390, abr. 2015.
ANDRADE, C. Transição para a idade adulta: das condições sociais às implicações psicológicas. Análise Psicológica, v. 28, n. 2, p. 255–267, 2010. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v28n2/v28n2a02.pdf. Acesso em: 14 abril 2025.
ARNETT, J. J. Emerging adulthood: A theory of development from the late teens through the twenties. American Psychologist, v. 55, p. 469–480, 2000.
ARNETT, J. J. Emerging adulthood: the winding road from the late teens through the twenties. New York: Oxford University Press, p. 3-47, 2004.
ARNETT, J. J. Emerging adulthood(s): The cultural psychology of a new life stage. In: JENSEN, L. A. (org.). Bridging cultural and developmental approaches to psychology: new syntheses in theory, research, and policy. Oxford: Oxford University Press, p. 255–275, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 98, p. 44–46, 24 maio 2016. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf. Acesso em: 10 abril 2025.
CARNEIRO, V. T.; SAMPAIO, S. M. R. Adultez emergente: um fenômeno normativo? Revista Saúde & Ciência Online, v. 4, n. 1, p. 32–40, 30 abr. 2015.
CASTRO, L. R.; CORREA, J. Juventudes, transformações do contemporâneo e participação social. In: CASTRO, L. R.; CORREA, J. (Org.). Juventude contemporânea: perspectivas nacionais e internacionais. Rio de Janeiro: Nau, 2005. p. 9-16.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n.º 010, de 24 de outubro de 2005. Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, 2005. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2005/07/resolucao2005_10.pdf. Acesso em: 10 abril 2025.
DAMON, W.; MALIN, H. The development of purpose. In: The Oxford Handbook of Moral Development: An Interdisciplinary Perspective. p. 109–127, 2020.
D’AVILA, G. T. et al. Acesso ao ensino superior e o projeto de “ser alguém” para vestibulandos de um cursinho popular. Psicologia & Sociedade, v. 23, n. 2, 2011.
DIAS, M. S. L. Sentidos do trabalho e sua relação com o projeto de vida de universitários. Tese (Doutorado em Psicologia) — Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Florianópolis, 2009. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/106654/265561.pdf?sequence=1&isAl#:~:text=O%20sentido%20do%20trabalho%20na,uma%20vida%20para%20o%20posterior. Acesso em: 4 abril 2025.
DUTRA-T, L.; KOLLER, S. H. Emerging adulthood in Brazilians of differing socioeconomic status: transition to adulthood. Paidéia, v. 24, n. 59, p. 313–322, 2014.
ERIKSON, E. Identidade, juventude e crise. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
FRANCISCO-RITONI, C. DE F. Concepções de psicólogas(os) recém-formadas(os) sobre a influência da pandemia da COVID-19 em seus projetos de vida. Dissertação (Mestrado em Psicologia) — Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Escola de Ciências da Vida, Campinas, 2023. Disponível em https://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/17148/ecv_ppgpsico_dissertacao_ritoni_cff.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 5 abril 2025.
GIL, A. C. Como fazer pesquisa qualitativa. Rio de Janeiro: Atlas, 2021.
GOBBO, J. P.; DELLAZZANA-ZANON, L. Sentido na vida na adultez emergente: contribuições para a psicologia do desenvolvimento. Revista Subjetividades, v. 23, n. 2, p. 1–12, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v23i2.e12968. Acesso em: 4 abril 2025.
GOMES, L. M. L. D. S. et al. Saúde mental na universidade: ações e intervenções voltadas para os estudantes. Educação em Revista, v. 39, p. e40310, 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/RLFrGpHpQKgkYpwXvHx3B3b. Acesso em: 10 abril 2025.
HAN, B. Sociedade do cansaço. 1. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
IBGE. PNAD Contínua: educação 2019. Rio de Janeiro: IBGE, 2019.
LEME, V. B. R. et al. Preditores das crenças de autoeficácia de jovens frente aos papéis de adulto. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 37, 2021.
MACHADO, V. A. Projetos de vida de adultos emergentes e experiências educacionais ao longo da vida. Dissertação (Mestrado em Educação, Linguagem e Psicologia) — Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023.
MAIA, A. A. R. M.; MANCEBO, D. Juventude, trabalho e projetos de vida: ninguém pode ficar parado. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 30, n. 2, p. 376–389, 2010.
MENDONÇA, M. Processo de transição e percepção de adultez: análise diferencial dos marcadores identitários em jovens estudantes e trabalhadores. Dissertação (Mestrado em Psicologia) — Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto, 2007.
PAPALIA, D. E.; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Grupo A, 2022.
PAULINO, D. S.; DUTRA-THOMÉ, L.; BENDASSOLLI, P. F. Adultez e o fenômeno nem-nem: gênero, educação e mercado de trabalho. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 22, n. 1, p. 1-15, 2021.
POCHMANN, M. Juventude em busca de novos caminhos no Brasil. In: NOVAES, R.; VANNUCHI, P. (orgs.). Juventude e sociedade: trabalho, educação e participação. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004. p. 217–241.
SILVA, B. C. L. Viver com doença crônica em contexto universitário: desafios na adultez emergente. 73 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) — Instituto de Educação, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2021.
SILVA, C. M.; VIEIRA, E. M.; FREIRE, J. C. Pesquisa fenomenológica em Psicologia: ainda a questão do método. Estudos Fenomenológicos — Revista da Abordagem Gestáltica, v. 2, p. 199–207, 2020.
SOUZA, J. A ralé brasileira: quem é e como vive. 1. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2009.
TATOSSIAN, A.; BLOC, L.; MOREIRA, V. Psicopatologia fenomenológica revisitada: um olhar sobre a experiência humana. 1. ed. São Paulo: Editora Escuta, 2016. 320 p.
TEIXEIRA, M. A. P.; GOMES, W. B. Estou me formando... e agora?: reflexões e perspectivas de jovens formandos universitários. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 5, n. 1, p. 1-18, 2004.
Copyright (c) 2025 Perspectivas em Diálogo: Revista de Educação e Sociedade

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.




