Desafios enfrentados por alunos com deficiência, professores e intérpretes: um estudo na UESB, campus Vitória da Conquista
Resumo
As pessoas com deficiência possuem um longo histórico de exclusão na sociedade. No âmbito educacional, houve muita luta e longas décadas até que tivessem direito a educação. Foi por volta da década de 1990, com a Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) que Instituições de Ensino Superior passaram a receber alunos com deficiência aprovados, mesmo sem suporte adequado e suficiente para incluí-los. Diante desse panorama e visando contribuir para os processos de inclusão social e de ações afirmativas, em 2008, instituíram-se, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), as cotas adicionais para contemplar pessoas com deficiência ingressas pelo vestibular em cursos de graduação, a fim de democratizar o acesso desse público à Universidade. Tal decisão tem possibilitado o aumento de ingressos com deficiência na Instituição. Diante disso, buscou-se conhecer os desafios enfrentados pelos alunos com deficiência, professores e intérpretes de Libras na UESB, campus de Vitória da Conquista. A presente pesquisa é de natureza empírica e do tipo descritivo-exploratória. A técnica utilizada foi o estudo de caso. Os dados foram coletados através de questionários e entrevistas semiestruturadas. Os resultados receberam tratamento quali-quantitativo e evidenciaram que a Universidade tem implementado ações visando a inclusão de tais alunos. No entanto, ainda falta muito para que a UESB se torne uma Instituição inclusiva. Diversas dificuldades foram levantadas, desde barreiras arquitetônicas, comunicacionais, de linguagem até atitudinais. Ademais, evidenciaram-se diversos desafios enfrentados pelos intérpretes de Libras, que vão desde a excessiva carga horária à falta de reconhecimento do papel que desempenham.
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