Militarização da educação e o silenciamento da sexualidade nas escolas públicas brasileiras
Resumo
Este artigo analisa criticamente o processo de militarização das escolas públicas brasileiras a partir da implementação das escolas cívico-militares, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro. Aborda os impactos dessa política educacional sobre a gestão democrática, o pensamento crítico, a diversidade e a abordagem da sexualidade no ambiente escolar. Utilizando referenciais como Paulo Freire, Michel Foucault e Judith Butler, a discussão evidencia o risco de retrocessos pedagógicos, a negação da diversidade e a imposição de uma lógica disciplinadora e conservadora. O estudo também relaciona a militarização ao silenciamento de temas como identidade de gênero e sexualidade, reforçando padrões heteronormativos. Conclui-se que esse modelo educacional contraria os princípios democráticos e os fundamentos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), representando uma ameaça à formação cidadã e inclusiva dos estudantes brasileiros.
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