Adesão ao Ecossistema Ciência Aberta
O termo “Ciência Aberta” vem se mencionando muito nos últimos dois ou três anos, mas na verdade ele não é tão novo em termos das práticas e mudanças que pretende estimular. Se para muitos a adequação à Agenda 2030 da UNESCO -em termos de maior acessibilidade aos processos de produção, divulgação e popularização da ciência- segue a ser um sonho ainda a alcançar, a Ciência Aberta não parecer ser coisa distinta. Nós queremos usar o termo de “Ecossistema” para falar de um conjunto de espaços e práticas editoriais e humanas nas quais a nossa Revista InterMeio se insere, declarando o apego ao que seria a implementação de práticas no intuito de agirmos com carimbo de Ciência Aberta.
Este ecossistema Ciência Aberta (eCA) demanda o apego a maiores vias para a revista e seus conteúdos se posicionarem em tantos coletivos sociais e plataformas como forem possíveis, não sendo apenas alvo os círculos esotéricos nos que uma face da ciência está representada. Círculos esotéricos é um termo do cientista polaco Ludwik Fleck com que se denominam os grupos expertos em uma área ou domínio específico do conhecimento. Neste sentido, fora deles estariam também os círculos exotéricos, não sendo mais do que as comunidades leigas em certos conhecimentos, segundo a teoria dos estilos de pensamento do autor. Neste sentido, ciência aberta seria um paradigma que insere e estimula o debate e tecnologias sobre mais comunidades que procuram o acesso ao conhecimento através de diversas plataformas, não apenas aquelas por onde o texto publicado é divulgado, por exemplo com o Public Knowledge Project, do qual se desprende o Open Journal System como plataforma de acesso aberto para o fluxo editorial.
Uma das exigências é fazer chegar por mais meios a informação publicada, e posicioná-la em mais audiências como for possível. Por exemplo, a ênfase na integração das redes sociais nos periódicos como uma ponte entre autores, leitores e sociedades torna-se um dos alvos mais visíveis. Também, a publicação dos textos além dos formatos PDF e HTML, integrando outros como o XTML que permite visualização em mais telas sem que o texto e a formatação editorial resultem alteradas. Outro elemento é a maior possibilidade de os leitores terem acesso a outros conteúdos como entrevistas em vivo, podcasts, resenhas sobre conteúdos científicos nos jornais, entre outros. A proximidade entre os conteúdos publicados e maiores audiências como aquelas com necessidades especiais como surdos, cegos ou com outras condições que impedem o acesso democrático e funcional ao conteúdo, torna-se como uma das que maior peso possui no eCA. Por exemplo, experiências têm resenhado a periódicos já publicando o conteúdo extenso dos artigos em formato de áudio para leitores com dificuldade visual acessarem.
Toda esta exigência na/da Ciência Aberta é mais um desafio para Editores e instituições que apoiam os periódicos, pois sua implementação demanda uma adequação em termos humanos, técnicos, tecnológicos e culturais. Era impensável esta ideia global de ciência há umas décadas em que os periódicos estavam preocupados provavelmente em como fazer chegar os volumes impressos aos autores e sociedades distantes, ou como possibilitar um fluxo de publicação mais eficiente e rápido, ou inclusive como arcar com os custos de publicação, além de pensar que imprimir em papel se torna cada vez mais uma prática com custo ambiental alto. Hoje os desafios são totalmente distintos, se desdobrando em múltiplas formas.
A Revista InterMeio encontra-se desde o ano 2021 em continua adequação das suas práticas e tecnologias editoriais. Com dois projetos de pesquisa em andamento, em processo de expansão e vinculação internacional, a InterMeio busca sustentar institucionalmente sua tecnologia para inovação e adequação a este ecossistema, melhorando assim sua estrutura interna e agindo, por exemplo na busca de financiamento externo, além do aprimoramento e presencia estratégica em bases de dados e repositórios de interesse, além de trabalhar para estarmos em índices de maior impacto.
O panorama da Revista InterMeio, hoje Qualis A3, diante este ecossistema é promissório e estimulante. É um desafio que no interno temos assumido no intuito de sermos cada vez mais um periódico aberto, inspirador, ético, humanizado, organizado, prospectivo, democrático, internacional, livre e diverso. A rota para chegarmos à Ciência Aberta não está mais longe, tem chegado, e estamos trabalhando nisso.
Os editores
O Ecossistema Ciência Abierta na InterMeio