Depois de todas as temáticas abordadas — 1º volume: Estudos culturais (abril de
2009); 2º volume: Literatura comparada hoje (setembro de 2009); 3º volume:
Crítica contemporânea (abril de 2010); 4º volume: Crítica biográfica (setembro de
2010); 5º volume: Subalternidade (abril de 2011); 6º volume: Cultura local
(dezembro de 2011); 7º volume: Fronteiras culturais (abril de 2012); 8º volume:
Eixos periféricos (dezembro de 2012); 9º volume: Pós-colonialidade (abril de
2013); 10º volume: Memória cultural (dezembro de 2013); 11º volume: Silviano
Santiago: uma homenagem (abril de 2014); 12º volume: Eneida Maria de Souza:
uma homenagem (dezembro de 2014); 13º volume: Povos indígenas (abril de
2015); 14º volume: Brasil\Paraguai\Bolívia (dezembro de 2015); 15º volume:
Ocidente/Oriente: migrações; 16º volume: Estéticas periféricas (abril de 2016);
17º volume: Cultura urbana; volume 18º: Tendências teóricas do século XXI;
volume 19º: Tendências artísticas do século XXI; 20º: Exterioridade dos Saberes:
NECC 10 ANOS; 21º: Pedagogias descoloniais; 22º: Corpos epistêmicos; 23º:
Ensaio biográfico; volume 24º: Despoéticas, Despolíticas, Desobediências;
volume 25º: Crítica biográfica fronteiriça; volume 26º: Fazer-sendo – Nãoeuropeu; volume 27º: Teorização descolonial; volume 28º: Biogeografias; volume
29: Modernidade e modernismos, nunca mais; volume 30º. Literatura comparada
descolonial —, os CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS voltam-se para
ANA-LÉTICA DAS DIFERENÇAS, por entender que essa temática, bem como
as anteriores, contempla uma discussão que está na agenda descolonial
pedagógica atual, quer seja no Brasil, quer seja na América Latina. Tal reflexão
demanda um modo outro de pensar e de teorizar (fora da lógica dialética), sempre
passando por epistemologias outras, ainda não contempladas pela epistemologia
moderna, ou seja, pela epistemologia que levou à exaustão a prática da
desconstrução dialética conceitual. No plano do “podemos pensar os não
europeus”, podemos, sim, pensar analeticamente na atualidade, como uma
estratégia crítica de rever as lições modernistas canônicas que grassam e imperam
ainda nas discussões críticas atuais. A partir de visadas epistemológicas outras,
podemos analetizar para re-dialogar de uma forma que não endosse o modo de
pensar dialético e dialógico que atravessou o pensamento do século XX no
Ocidente, como se todo modo de pensar se reduzisse a um diálogo polifônico e
dialógico por excelência. No plano do não-pensar europeu, teríamos e temos
modos de pensar outros que autenticam modos de pensar, de teorizar e de
conhecer outros que se formulam a partir do outro lado da fronteira do mundo. As
políticas das Ana-léticas das diferenças (BESSA-OLIVEIRA) nos mostram, e os
textos confirmam, que há formas de discutir criticamente as diferenças que fazem
o mundo global e que não estão presas ao discurso acadêmico e disciplinar, nem
muito menos a conceitos que caíram numa estereotipia e que, por isso mesmo, não
fazem mais grandes sentidos, como o de “Semelhanças e diferenças”,
“Modernismos”, “Estética moderna”, “Arte”, “Regionalismo”, Literatura etc. E
não que as coisas e os conceitos se pluralizaram pura e simplesmente, mas porque
as coisas, os conceitos e as biogeografias ocupam lugares específicos e estão em
todos os lugares do mundo. A temática contemplada neste volume endossa a
política proposta e defendida pelos CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS há
mais de quinze anos, uma vez que ela não se descuida de mirar os lugares
sombrios e esquecidos pelos grandes centros, nem muito menos os saberes que
emergem dessas bandas ignoradas pelo pensamento moderno dialógico de
natureza. Nós editores agradecemos a todos da COMISSÃO ORGANIZADORA
e MEMBROS do NECC que não têm medido esforços para que os CADERNOS
continuem contemplando uma publicação que tem ajudado a todos, pelo menos
deste lado fronteiriço do Sul-global, a pensar ana-leticamente as teorizações e os
conceitos que emergem desses lóci fronteiriços. Gratidão traduz o que todos —
neccenses — sentimos pelos ilustres pesquisadores deste volume, sem os quais a
temática proposta não seria possível para a realização deste número que entra para
a história da crítica biográfica fronteiriça quando o assunto for ANA-LÉTICAS
DAS DIFERENÇAS.
Edgar Cézar Nolasco & Marcos Antônio Bessa-Oliveira




